Nosso escritório é fruto da associação de arquitetos formados em diferentes momentos que se reuniram para o desenvolvimento de concursos e projetos a partir de 2004.

Não cremos que somos arquitetos de diferentes gerações, pois não acreditamos exatamente nas gerações. Todos nós pertencemos a uma única genealogia: a de nosso tempo.

O Grupo SP não pretende ser um escritório tradicional: um núcleo rígido e fechado, mas uma organização flexível que admite colaborações e parcerias conforme o trabalho a ser desenvolvido. Trata-se de um espaço aberto à participação de outros arquitetos e outros profissionais interessados na discussão sobre a produção dos espaços de vivência e os espaços da cidade.

Cremos que não existem mais escritórios de arquitetura. Há arquitetos. Podemos construir certa mobilidade com estas associações flutuantes e manter uma estrutura reduzida que nos permite a escolher os trabalhos que interessam.

Nos últimos anos temos nos dedicado a elaboração de concursos de arquitetura, projetos para ONGs e instituições públicas, além de incorporar no cotidiano de suas atividades a participação em pesquisas e docência de seus participantes.

Cremos fortemente na importância dos concursos de arquitetura como forma de debate arquitetônico e possibilidade de inserção profissional, além da perspectiva de realização de projeto sem tantas restrições ou interferências, tão comuns nos trabalhos cotidianos.

Da mesma forma acreditamos que o exercício da profissão com a perspectiva de sua discussão e publicação (no sentido mais preciso da palavra) parece ser somente possível no ambiente acadêmico. É na Escola que podemos de forma criteriosa e organizada verificar hipóteses de trabalho que muitas vezes são dificilmente articuladas na vida habitual de um escritório de arquitetura. Além disto, é somente no âmbito acadêmico que podemos articular dimensões temporais que extrapolam as contingências das demandas concretas e objetivas e realizar ensaios e especulações que, sem dúvida, contribuirão na construção de espaços mais dignos.

Uma idéia que aproxima os arquitetos em São Paulo é a construção do vazio. A cidade que moramos e vivemos é marcada por sua densa ocupação que dificulta a percepção seja de sua topografia original, seja dos seus poucos espaços não ocupados, sobretudo aqueles definidos e configurados pelo sítio original, pelos fenômenos geográficos, o assoalho primitivo. Um dos desafios para os arquitetos paulistas neste século talvez seja insistir a construção do vazio como quem abre clareiras e possibilita novas dimensões e espaços para o convívio em nossa cidade.

O que caracteriza, portanto, nossa organização profissional é nossa contínua disponibilidade de nos associarmos com diferentes arquitetos, com distintas formas de atuação e pensamento, abrindo desta maneira novas perspectivas e possibilidades de trabalho.

Sublinhamos a convicção que a construção dos espaços para todos pode (e deve) ser engendrado por ações coletivas, essenciais para ampliação do nosso saber específico. Infelizmente atualmente não se percebe que o projeto é algo necessariamente coletivo, uma idéia anterior e acumulada, que não tem necessariamente um autor ou origem, mas que pertence a todos nós. Mondrian define que o artista é, essencialmente, a continuidade de um anterior a ele e que, sendo dessa forma, ele então complementa a obra anterior. Se crermos nisto não há dilema nem questão, mas invariavelmente hoje se busca o oposto, pois no fim se trata de mercado e busca de hegemonia. Apesar de tudo ainda sublinhamos a idéia de um projeto feito por todos.

Fazemos uma arquitetura do possível, de onde estamos e como podemos, crentes que seu fazer é uma ação que se vincula na construção cultural de nosso país, nossa língua, nossa forma de vida, única como manifestação, universal por sua inserção na nossa casa, nosso único planeta que nos acolhe desde sempre e que, por vezes, não sabemos retribuir nossa existência de forma inteligente.

Ser arquiteto é ser construtor da cultura e do mundo que conhecemos e ainda não conhecemos.

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