2006
Brasília (DF)


planta nível 1035.50

planta nível 1031.65

planta nível 1038.70

planta nível 1042.55

cortes longitudinais

cortes transversais






O “CHÃO” DO EDIFÍCIO
A nova sede do IPHAN deverá se coadunar com os conceitos urbanos que nortearam a construção da cidade de Brasília. A implantação do edifício considerou antes de tudo a importância desse chão público de amplas visuais e desenhou o térreo aberto e livre à circulação transversal de rua a rua, lado a lado, garantindo sua continuidade e usufruto.
O partido optou por abrir um nível construído abaixo do nível da soleira, integrando-o verticalmente ao rés do chão , como térreos multiplicados, iluminando e ventilando pelos taludes que o circunscrevem, o que lhe concede expressão arquitetônica. O chão do edifício é construído, portanto, distinto do terreno natural que o circunda, destinado às áreas verdes.
O EDIFÍCIO-VIGA: O DESENHO DAS CIRCULAÇÕES VERTICAIS E HORIZONTAIS, DO SUPORTE DAS INSTALAÇÕES E DA ESTRUTURA
Sobre o embasamento de pedra e água, sobressai o volume aéreo destinado as funções mais introspectivas do conjunto. O edifício está organizado pelas suas circulações e instalações cuja lógica é a mesma da estrutura. Seis prumadas verticais – pilares – abrigam os elevadores e escadas em duas linhas paralelas que distam 15 metros entre elas. Duas paredes contínuas de concreto de 150 metros de extensão cada constituem o Edifício-Viga que suporta os planos de trabalho como estrutura e apoio, uma vez que contêm todas as instalações e espaço para sanitários, copas, salas de reuniões e máquinas.
O VAZIO CENTRAL COMO A RUA INTERNA DO EDIFÍCIO
Os dois Edifícios-Viga definem pelo afastamento um vazio na extensão completa do edifício. Este espaço fundamental, que por contradição é externo, se destina somente a circulação e admite por exceção o auditório e a sala de reuniões como volumes aéreos que pairam rentes ao chão da cidade, além de realizar a integração visual e física entre todos os níveis do edifício. A luz do céu é filtrada pelo plano de cobertura metálico com vidro e painéis metálicos perfurados que servem como superfícies difusoras.
Os planos de trabalho são construídos para fora do Edifício-Viga. O corpo do edifício é constituído por uma estrutura metálica aplicada diretamente na grande viga e apoiada no outro extremo por uma treliça metálica com dois apoios somente. A estrutura desta forma faz com que o edifício flutue, acentuando a idéia do chão livre.
A CONSTRUÇÃO DO VAZIO
Apesar de se tratar da sede do principal órgão responsável dela defesa e reconhecimento do patrimônio histórico de interesse nacional, intimamente vinculado a história da arquitetura e urbanismo moderno em nosso país, o edifício proposto filia-se a idéia que apesar da contigüidade da sua localização em relação ao Eixo Leste Oeste e sua escala monumental, a arquitetura deve ser regular e serena, um volume puro que não concorre, mas pelo contrário, que valoriza e evidencia o que sempre notabilizou Brasília.
Poder-se-ia dizer que não se procurou fazer deste edifício um monumento (sobretudo pela busca da forma presunçosa), mas que não deixa de ser monumental pela dimensão do que não é exatamente construído, mas o que é vazio. Vazio cheio de luz e movimento, espaço e tempo: história.