READEQUAÇÃO DE EDIFÍCIO PARA ESCOLA FUNDAÇÃO BRADESCO

2015
Osasco (SP)

térreo inferior

térreo superior

primeiro pavimento

segundo pavimento

terraço

cobertura

corte L1

corte L2

corte T1

corte T2

NOVA ESCOLA FUNDAÇÃO BRADESCO EM OSASCO

O ponto de partida do projeto é um edifício existente. Transformá-lo para ser capaz de transformar os indivíduos é o objetivo precípuo deste projeto. Uma estrutura sólida, urdida para ser um edifício genérico administrativo desprovido de qualquer espacialidade ou expressividade arquitetônica, com uma circulação vertical tímida e inadequada, caracterizam o prédio que deverá abrigar a futura escola como um espaço mais atrativo e, simultaneamente, eficiente. Outra premissa do projeto é o pressuposto financeiro do projeto que permite que seja possível repensar profundamente esta arquitetura original. Se a estrutura corresponde a aproximadamente 30%  e 40 % do valor total de uma obra, o fato de já existir,  possibilita vislumbrar uma intervenção mais radical, que possa criar uma nova espacialidade, o que é desejável.

O projeto toma a liberdade de rever a recomendação inicial de manter a circulação vertical existente a partir do exposto acima, por admitir que esta intervenção represente vantagens incontestáveis para o novo funcionamento do edifício, justificando sua proposição. Esta nova espacialidade já estava latente: um grande vazio central iluminado onde se organiza uma nova circulação vertical (escadas e elevador) mais adequada ao novo uso proposto, provida de luz, preenchida pelo movimento e que permite que todos possam se entreolhar.

Uma escola deve ser um espaço extraordinário, que não reproduz os espaços da arquitetura habitual. Deve possuir espaços inolvidáveis para que uma criança ou jovem, que será seu principal usuário por um determinado período de sua vida,  capaz de transformá-lo, iluminar os horizontes e as perspectivas no processo de formação de cada individuo.

A NOVA ESPACIALIDADE PROPOSTA: O VAZIO CENTRAL

Um vazio central proposto a partir da demolição de todas as estruturas intermediarias existentes, incluindo a escada e elevador,  define com nitidez dois blocos que organizam o programa da escola. Um Bloco Este e o Bloco Oeste que podem vir a ser o endereço dos futuros ambientes. No vazio será instalada a escada metálica contínua, assim como o novo elevador, que organizam toda a distribuição pelos distintos pavimentos da escola.

Uma cobertura metálica e vidro garantirá a proteção e  iluminação deste espaço central ,que será ainda fechado por vidro transparente nas duas laterais. Esta transparência possibilita que quando se utiliza a circulação vertical é possível visualizar tanto a cidade como os ambientes internos da escola, estimulando os sentidos de seus jovens usuários.

TERREOS INFERIOR E SUPERIOR COMO EXTENSAO DA CIDADE DE DEUS E DOS HOMENS

A singular implantação do edifício em meio nível em relação a rua Deputado Emilio Carlos permite multiplicar o térreo em dois níveis, ampliando os pontos de contato tanto com a Cidade de Deus como com a cidade de Osasco, sublinhando o caráter de uso coletivo intenso da escola. Os térreos da escola são, portanto, dois: um inferior (destinado a serviços, administração e estacionamento) e o outro superior (com as atividades mais públicas).

O acesso de alunos quem não utilizam o serviço de transporte de vans se realiza por uma rampa (com 8% de inclinação) que concilia o nível do passeio com o térreo superior, como um recorrido suave que se relaciona com o movimento urbano da rua. O próprio volume da rampa – em concreto armado – consiste nos novos limites da escola (substituindo os tristes muros e gradis atuais) e reforçam esta idéia de maior transparência e de uma relação aberta com a cidade.

No patamar de chegada da rampa no  térreo superior se nota imediatamente o vazio central – que divide nitidamente o edifício em dois blocos – e a escada contínua que acede a todos pavimentos, oferecendo a todos usuários a pronta compreensão do funcionamento da escola, indicando o caminho mais expedito para os espaços de aula. No bloco Leste no Térreo Superior situam-se os laboratórios de informática e um espaço de acolhimento dos alunos e eventuais visitantes com bancos e pequenos estares para conversas interessadas e as desinteressadas. Já no bloco Oeste está a biblioteca.

Ambos os volumes são conformados por divisórias de vidro e, portanto são totalmente transparentes para todos sublinhando o programa que abrigam mais aberto: meios, acessos e informação. Um vazio entre os dois blocos estabelece uma relação visual e espacial com o térreo inferior com um pátio rebaixado que serve como espaços para as refeições rápidas e para onde se abre a cozinha implantada neste nível. Este pátio inferior é conformado por um fechamento em U-Glass [vidro impresso perfilado, translúcido, com secção em forma de U ] que permite que a luz que advém da cobertura transparente central transborde para espaços contíguos sem, no entanto,  comprometer suas atividades.

No Térreo Inferior no Bloco Oeste será mantido o estacionamento de veículos e por onde é realizado o ingresso de alunos que utilizam o transporte de vans que chegam pela a rua Rio Bonito interna ao conjunto.  Já no bloco Leste situam-se os espaços administrativos e de serviços, mais relacionados com o jardim lateral. Os novos espaços abaixo da estrutura da rampa são destinados aos medidores, depósitos e reservatórios de agua potável.

PAVIMENTOS DIDATICOS: ESPAÇOS DE ESTUDO E ESTAR

Os dois pavimentos existentes serão ocupados pelas atividades didáticas principais. A partir da modulação estrutural é possível organizar as 18 salas de aula e os laboratórios exigidos, além de ofertar espaços de circulação generosos que podem também ser utilizados como estares: lugares de permanecia destinados a leitura e estudos ou conversas durante o tempo livre dos intervalos. Mais uma vez o vazio central é protagonista, pois permite que mesmo estando em blocos distintos os estudantes possam se entreolhar e atiçar a curiosidade pelas atividades desenvolvidas pelos outros colegas. Desta forma as salas internas que se relacionam com o vazio são dotadas de caixilhos com vidros transparentes.

A única exceção é o fechamento dos novos blocos de sanitários com o mesmo vidro impresso perfilado [‘U-Glass”] utilizado no térreo inferior. As salas de aulas com seus amplos caixilhos são protegidas de insolação direta por painéis metálicos de sombreamento que conferem ao edifício uma nova expressão arquitetônica, além de garantir certa privacidade destes ambientes.

COBERTURA:  A OFERTA DE UM NOVO PAVIEMENTO COMO UMA VARANDA

A cobertura metálica de fechamento do vazio central conforma um novo espaço no nível da cobertura, atualmente utilizado apenas como cobertura técnica (de proteção da laje não impermeabilizada) e equipamentos. Considerando a possibilidade de visuais mais alongadas que permitem visualizar o próprio conjunto da Cidade de Deus e as demais instalações da Fundação Bradesco, parece oportuno sua ocupação com espaços de permanência: as salas de estudo – ligadas as atividades complementares – e um espaço aberto de uso múltiplo, valorizando sua utilização.

Sobre o necessário serviço de impermeabilização a ser executado na laje, um espelho d’água garantirá a condição ambiental dos espaços inferiores, além de isolar os usuários das extremidades do edifício permitindo seu uso de forma mais segura e tranquila. Para constituir o mundo da imaginação dos meninos e meninas de amanhã.

ARQUITETURA

Alvaro Puntoni, João Sodré

COLABORADORES

Alexandre Mendes, Gabriela Villas Bôas, Micaela Vendrasco, Ricardo Froes
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