SEDE DO SEBRAE NACIONAL EM BRASÍLIA

2008
Brasília-DF

“Pátio, céu canalizado.
O pátio é o declive pelo qual se derrama o céu na casa.”

Jorge Luis Borges

situação

implantação

planta nível 1056.05

planta nível 1059.20

planta nível 1062,70

planta nível 1066,50

planta nível 1070,05

planta nível 1073,55

corte transversal

corte transversal

corte longitudinal

O partido adotado no projeto responde a um só tempo às condicionantes urbanísticas de Bra­sília – incluindo as características topográficas do terreno – e ao caráter da arquitetura que se pretende para a sede do SEBRAE. O que se propõe não é um edifício, mas um conjunto arqui­tetônico com:
1) ênfase na espacialidade interna, objetivando a integração dos usuários assim como da paisagem construída e natural; 2) máxima flexibilidade para a organização dos escritó­rios; 3) preocupação em se obter ótima performance ambiental e econômica.

O PÁTIO

Todo o conjunto se desenvolve a partir desta espacialidade interior. Desenvolvido em planta, o vazio adquire grande presença no interior do conjunto, na forma de pátio onde se localizam as atividades mais públicas. Ao redor desta praça interna, no térreo inferior encontra-se o espaço do Centro de Formação e Treinamento (CFT) e os restaurantes, enquanto no térreo superior estão os principais acessos do conjunto, com varandas e a cafeteria abertas à cidade e ao lago.

A TOPOGRAFIA E O SENTIDO ESPACIAL. O TÉRREO MULTIPLICADO

São dois os térreos. Optou-se por abrir um plano construído abaixo do nível da soleira, integrando-o verticalmente ao nível dos acessos, como térreos multiplicados, iluminados e ventilados pelo espaço livre que os circunscrevem, o que lhes concede expressão arquitetônica. O chão do edifício, público, é construído, portanto, distinto do terreno natural que o circunda, destinado às áreas verdes permeáveis.

A DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA

O arranjo do programa está diretamente ligado com a disposição das peças edificadas no terreno. Na base do conjunto (térreo inferior e superior) encontram-se as funções coletivas, as atividades que por vezes recebem colaboradores ou público externo, CFT e restaurantes. Estes espaços estão organizados e articulados pela Praça de Estar, marcada ainda pela presença do auditório.

As funções administrativas, CDN e o corpo diretivo estão concentrados nos pavimentos superiores.

No subsolo estão organizados em dois pavimentos a garagem e as atividades relacionadas a manutenção predial.

OS ESCRITÓRIOS: MODULARIDADE E FLEXIBILIDADE

O projeto prevê facilidades para alterações constantes de arranjos, tanto para os espaços, quanto para os componentes de instalações prediais e de infra-estrutura – piso elevado, forro e ausência de pilares no meio dos pavimentos.

A área disponível para os escritórios é, realmente, livre.

ARTICULAÇÃO, CIRCULAÇÃO E  INFRA-ESTRUTURA

Para conectar todos os setores, criou-se uma estrutura periférica dupla – dois castelos de circulação vertical, infra-estruturas e apoios diversos – com múltiplas possibilidades de ligação: escadas protegidas ou escadas comuns, varandas, passarelas e elevadores coletivos ou privativos promovem a comunicação entre os diversos espaços.

A circulação incorpora no desenho do percurso cotidiano o vazio central, acentuando sua presença.

Todas as redes de infra-estrutura se distribuem para o conjunto a partir de lajes com instalações (forros e pisos elevados) e dutos verticais especializados (shafts).

ACABAMENTO E EXPRESSÃO ARQUITETÔNICA

A expressão arquitetônica do conjunto arquitetônico proposto está estreitamente vinculado as decisões de projeto que concorrem no sentido de proporcionar uma obra organizada e eficiente com redução estratégica das ações construtivas. As estruturas serão tratadas e permanecerão aparente, evidenciando-se a plasticidade do aço e concreto. Os painéis metálicos quebra-sois garantiram a integridade do conjunto.

CONFORTO AMBIENTAL E ECO-EFICIÊNCIA

Presta-se atenção a todas as discussões contemporâneas sobre práticas de projeto e construção que possam reduzir ou eliminar significativamente os impactos negativos dos edifícios em seus ocupantes e no meio ambiente, em cinco grandes áreas: 1) Planejamento sustentável do site; 2) Proteção e uso eficiente da água; 3) Eficiência energética e energia renovável; 4) Conservação de materiais e recursos; 5) Qualidade do ambiente interno.

ESTRUTURA

O primeiro elemento de organização do sistema construtivo é a própria estrutura periférica dupla. As duas empenas estruturais que conformam os “castelos de serviços” – com circulação vertical, infra-estruturas e apoios diversos – serão em concreto moldado in loco.

Demais elementos da estrutura seguem modulação de 9.00 x 7.50 metros, que rege e organiza todos os espaços. Para o subsolo, térreo inferior e térreo superior optou-se por concreto moldado in loco com lajes protendidas de 25 cm apoiadas diretamente nos pilares providos de capitéis. Para as lajes do pavimento térreo superior serão adotadas vigas de 80 cm de altura.

O auditório tem estruturação independente com vigas protendidas espaçadas 2.50 metros, com 16.50 metros de vão e apoiadas nas paredes laterais, sem qualquer interferência com a estrutura do subsolo.

Para os dois pavimentos de escritórios optou-se por um sistema de estrutura em aço. Trata-se de duas treliças longitudinais espaçadas 18 metros entre si e solidarizadas por pórticos transversais com modulação de 7.5 metros. As treliças são apoiadas a cada 15 metros sobre pilares de concreto que advém dos níveis inferiores e são vinculadas às empenas. Os panos de piso foram executados com pré-laje apoiadas em vigas secundárias e nos pórticos principais distanciados 2.5 metros entre si, complementadas por laje moldada sobre pré-lajes, formando sistema misto e solidário.

A interligação entre os dois blocos em nível se faz através de passarelas de concreto vinculadas às vigas superiores dos castelos por meio de pendurais.

A estrutura da nuvem é resolvida com duas vigas vagão e vigamento secundário em aço. As vigas vagão possuem 3.60 metros de altura que vencem o vão principal de 36 metros travadas entre si no plano dos montantes.

PAISAGISMO

O projeto de paisagismo não é complementar ao edifício, pelo contrário, é o componente vegetal que faz o nexo entre o ambiente construído e o natural. O edifício interpreta as normativas de Brasília e trata com desvelo não somente o céu, mas o chão público da cidade, sua a “facies diferenciadora”. O projeto de paisagismo proposto, portanto, interpreta o existente, enfatizando os seus aspectos mais importantes e reconstrói relações. A manutenção dos percursos peatonais é uma das considerações do projeto que oferta estas possibilidades de caminhos como gentileza urbana.

1. Complementação da vegetação arbórea existente no entorno: apropriação da paisagem extra muros para definição do limite visual, incorporando a paisagem envoltória no projeto, como indicativo de uma ocupação mais coerente com os preceitos urbanísticos do plano original de Brasília, preservando sua feição de cidade-parque;
2. Bosques: para formação dos pequenos bosques nas faces nordeste e sudeste, será utilizada vegetação arbórea típica do cerrado brasileiro;
3. Jardins de pré-arquitetura: utilização de massas arbustivas em parte dos taludes, valorizando os pontos de abertura visual para o Lago Paranoá e o cinturão verde proposto;
4. Áreas gramadas ou relvadas: utilização de forrações nos taludes e nas coberturas do auditório, contribuindo com o isolamento térmico desejável;
5. Espelhos d’água: proposição de jardins aquáticos nos dois espelhos d’água que estão localizados no térreo superior.

***

O conjunto edificado, com o térreo aberto permite visuais alongadas, sublinhando a possibilidade de extensão do chão público sem comprometer o gabarito que resguarda o céu de Brasília e que estará presente no grande espaço central conformado.
Finalmente, a delicada curva do castelo de serviços na face norte, além de ceder parte do terreno para cidade marca a singularidade desta construção, nem pretensamente palácio nem isolada, mas superfície convergente e multiplicadora da urbe, sua historia, sua vida.

CONCURSO NACIONAL

1º PRÊMIO

PROJETO

2008

OBRA

2009-2010
VIII BIAU – Bienal Iberoamericana de Arquitetura
WORLD ARCHITECTURE COMMUNITY AWARDS 10th CYCLE
XIII BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE BUENOS AIRES (BA11)
PRÊMIO APCA
IV PRÊMIO ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO “O Melhor da Arquitetura”

ARQUITETURA
COMUNICAÇÃO VISUAL
AMBIENTAÇÃO E MOBILIÁRIO

Alvaro Puntoni, Luciano Margotto, João Sodré, Jonathan Davies

COLABORADORES

Amanda Spadotto, Cristina Tosta, Camila Obniski, Daniela Pochetto, Fabiana Cyon, Flavio Castro, João Carlos Yamamoto, José Paulo Gouvêa, Juliana Braga, Luis Cláudio Dias, Roberta Cevada, André Nunes, Julia Valiengo, Julia Caio, Isabel Nassif, Rafael Murolo, Rafael Neves, Raphael Souza

ESTRUTURA

Jorge Zaven Kurkdjian, Julio Fruchtengarten

PAISAGISMO

Fernando Magalhães Chacel, Sidney Linhares

LUMINOTÉCNICA

Ricardo Heder

ELÉTRICA
HIDRÁULICA

Wang Mou Suong, Ulisses Tavano, Roberto Chendes

CLIMATIZAÇÃO

Eizo Kosai

ECO-EFICIÊNCIA

Luis Carlos Chichierchio, Juliette Haase de Azevedo

AUTOMAÇÃO
SEGURANÇA
ÁUDIO E VÍDEO

Roberto Luigi Bettoni, Aires Craveiro, Victor Vainer

TRANSPORTE VERTICAL

Moacyr Motta

IMPERMEABILIZAÇÃO

Virginia Pezzolo

CONTENÇÕES

Engedat Consultoria e Projeto Ltda

CAIXILHOS

André Mehes

ORÇAMENTO

Mauro Zaidan

PAINEL ARTÍSTICO

Ralph Gehre

MAQUETE

Gaú Manzi, Fabio Gionco, José Paulo Gouvêa

FOTOGRAFIA

Nelson Kon

CONSTRUÇÃO

Termoeste SA Construções e Instalações
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