2007
São Paulo (SP)



situação

planta praça medeiros / nível 756.01

planta do térreo inferior / nível 761.95

planta do térreo superior / nível 764.75

planta do 1º pavimento / nível 767.68

planta do pavimento tipo / nível 770.56 - 728.08

planta da cobertura / nível 790.72

corte longitudinal

corte transversal















Densidade e vazio
A cidade de São Paulo é marcada por sua densa ocupação que neblina a percepção seja de sua topografia original, seja dos seus poucos espaços não ocupados, sobretudo aqueles definidos e configurados pelo sítio original, pelos fenômenos geográficos. Um dos desafios para os arquitetos neste século talvez seja insistir a construção do vazio como quem abre clareiras e possibilita novas dimensões e possibilidades para a vida em nossa cidade. Este edifício se insere nesta tese.
Construção da topografia
O edifício serve-se da topografia acidentada, a situação típica de vale, que existe entre a rua Simpatia e a Medeiros de Albuquerque definindo a ocupação em dois blocos: um superior e aéreo– a estrutura habitacional – e outro inferior e arraigado – os serviços e espaços dos automóveis. Entre estes dois blocos: um espaço, uma laje livre, acessada por uma passarela, possibilita que se possa olhar de forma desimpedida para a vertente oposta do vale.
Desenho do movimento no espaço: caminhando entre as árvores
Por estar pairando sobre o pátio inferior, as copas das arvores frutíferas do jardim envoltório estão no nível de quem circula no pátio de acesso, o que pode ser um tesouro nesta passagem: pegar um fruto onde menos se espera.
Uma vez ultrapassada a porta de vidro, o espaço não se fecha, pelo contrário, insiste em permanecer aberto para a vista e para um jardim aquático que marca o espaço vazio existente no meio do edifício, para onde se abrem os elevadores e escadas. No seu extremo uma sala avarandada de uso coletivo dos moradores aberta para a paisagem, seja para festas ou encontros, encerra o passeio e permite ainda o acesso à piscina situada no pátio inferior.
Apartamentos como expressão dos moradores
Os apartamentos estão organizados em dois blocos opostos, Simpatia e Medeiros, com conformações e vistas diferenciadas, mas ambos oferecem múltiplas formas de ocupação, conforme as necessidades de vida de seus usuários. Esta diversidade se expressa na aleatoriedade das aberturas das faces norte e sul que sublinham a singularidade de cada apartamento. Nas faces leste e oeste, planos de vidros na extensão total das unidades marcam a presença do edifício na paisagem urbana que, por sua vez, inunda o ambiente juntamente com a luz.
Espaços de convívio
O bloco de circulação vertical (escadas e elevadores) entre os dois apartamentos abre-se para varandas voltadas para o vazio interno como continuidade espacial do pátio de acesso. Junto a cada unidade se alarga e oferece um espaço gentil para entrar nas unidades. Este espaço é o espaço de encontro e convivência.
Gentileza urbana
No pátio inferior a piscina esta solta sobre o terreno, bordejando o jardim junto à rua Medeiros de Albuquerque. Mais uma vez se estabelece uma relação com a copa das arvores. Sob esta estrutura, com acesso no 1º subsolo, uma lavanderia se abre para o jardim. Finalmente, junto à rua o edifício oferta à cidade – por meio do recuo dos fechamentos da divisa – um banco, uma arvore, uma pequena praça para cidade: singela gentileza urbana.
Implantar um edifício habitacional neste lugar é uma construção da topografia e do vazio.
Um desenho de “viver na cidade”.