SEDE DA CAPES EM BRASÍLIA

2007
Brasília-DF

“Chegou o momento, digo mal – o último momento, diria melhor – de ainda ser possível avivar esse confronto e de assim preservar, para sempre a feição original de Brasília como cidade-parque, a facies diferenciadora da capital em relação às demais cidades brasileiras.“

Lucio Costa


planta nível 1029.285

planta nível 1032.085

planta nível 1034.885

planta nível 1037.685

planta nível 1041.885

planta nível 1045.385

planta nível 1048.885 - 1055.885

planta da cobertura / nível 1058.085

corte longitudinal

corte transversal

corte transversal

Um desafio arquitetônico: Resolver dois programas em um único edifício.

A intenção precípua do partido é concentrar em uma única construção as duas estruturas solicitadas – a sede da CAPES e garagem com 800 vagas de estacionamento – reduzindo ao mínimo as ações construtivas e, consequentemente, os custos. Para a garagem, as vagas são acomodadas em um único circuito, horizontal e vertical, dispensando o artifício de rampas isoladas. A continuidade espacial firma-se como um valor ao diminuir o sentido de confinamento da edificação enterrada. As atividades da CAPES concentram-se na parte que aflora da edificação, uma estrutura em aço que paira sobre o conjunto.

Um desafio urbanístico: A extensão da noção de facies.

Uma estrutura aérea e outra subterrânea permitem a construção de um vazio horizontal que corresponde ao espaço da passagem, a construção de uma superfície de convergência que amplia o chão da cidade. No plano tipológico, a proposta confirma a inteligência das condições de natureza urbanística preexistentes. Mantém a silhueta estabelecida no entorno. Faz referência clara à paisagem e emancipa-se ao tratar a reconstrução das divisas, com praça rebaixada, pontes e vazios orientando a solução da implantação.

Entre o recolhimento e o encontro: A construção do vazio.

Desenvolvido em planta, o vazio adquire grande presença no interior do conjunto, na forma de pátio por onde desce a luz do céu e localizam as atividades mais públicas.  Ao redor desta praça interna, no térreo inferior encontra-se o espaço da “Consultoria”, enquanto no térreo estão o refeitório e foyer, como varandas abertas à cidade. No centro, ergue-se o volume que abriga auditório e cafeteria – uma pedra cuidadosamente construída –, com jardim aquático na cobertura, para contemplação ou para uma reunião ao ar livre.

A topografia e o sentido espacial: O térreo multiplicado.

O partido optou por abrir um nível construído abaixo do nível da soleira, integrando-o verticalmente ao rés do chão, como térreos multiplicados, iluminados e ventilados pelo espaço livre que os circunscrevem, o que lhes concede expressão arquitetônica. O chão do edifício é construído, portanto, distinto do terreno natural que o circunda, destinado às áreas permeáveis verdes e às vagas mínimas solicitadas.

Compromisso com a utilidade: Flexibilidade total para os escritórios.

É natural que a estrutura organizacional da CAPES caracterize-se por um dinamismo que exige espaços capazes de abrigar novas funções e atividades em virtude de possíveis alterações no organograma da instituição. O projeto prevê facilidades para alterações constantes de arranjos, tanto para os espaços, quanto para os componentes de instalações prediais e de infra-estrutura – piso elevado, forro, e ausência de pilares no meio dos pavimentos. A área disponível para os escritórios é, realmente, livre.

A singularidade das coisas evidentes: O espelho d’água, o muxarabi e a “nuvem”.

O projeto leva em consideração questões relacionadas à sustentabilidade, explorando os consensos acumulados das soluções de bom êxito com freqüência, pensando no menor impacto ambiental possível e incorporando novas tecnologias para maior eficiência e economia. Os planos d’água contribuem para amenizar a dureza do clima do cerrado e buscam, por meio de desenho mais livre, complementar a racionalidade da construção. As faces de vidro dos escritórios possuem proteção de quebra-sol de aço patinável – espécie de renda a velar parte da luz incidente, sem o sacrifício da transparência. E por último, paira sobre o conjunto uma estrutura diáfana, em aço e chapa perfurada flutuando acima do conjunto como uma “nuvem” a sombrear-lhe o interior.

Superfície e profundidade: O pormenor como via de acesso à arquitetura.

O mote do quebra-sol é o símbolo da Capes, uma figura. A figuração é um tipo de estilização da realidade, uma forma de arte. A estratégia é trabalhar dentro das fronteiras entre o abstrato e o figurativo para obter um novo elemento arquitetônico. Eis que o símbolo se desfigura para converter-se em textura, abandonando sua natureza representativa. A idéia é estabelecer uma continuidade entre as duas formas de operar, alcançando ambivalência entre a linguagem abstrata e figurativa como distinção. A repetição também é técnica compositiva. Ao final, devem prevalecer idéias arquitetônicas simples – das linhas de sombra que vibram dentro da forma geral e produzem uma sensação global de abstração.

A solução: Continuidade e transformação.

Diante da complexidade do mundo contemporâneo, a essência da arquitetura tem sido procurada, muitas vezes, entre os excessos da sua quase negação ou desmedida afirmação. A proposta arquitetônica apresentada se expressa através de uma atitude de comedimento e síntese material. É conservadora, sem qualquer complexo, do saber fazer arquitetônico brasileiro, mas não se contenta com soluções universais, tampouco com invenções puramente subjetivas. É objetiva, mas deixa aberto o caminho para a imaginação.

CONCURSO NACIONAL

Menção Honrosa

ARQUITETURA

Alvaro Puntoni, João Sodré, Jonathan Davies (gruposp)
Luciano Margotto (Republica Arquitetura)

COLABORADORES

José Tavares Correia de Lira, Pablo Posada
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